O último aviso: ou cortamos já emissões ou está em risco “um futuro habitável”

24/03/2023

Saiu no dia 20 de março o sumário do Sexto Relatório de Avaliação do IPCC – um trabalho de oito anos com a melhor ciência climática disponível, a que Guterres chamou de “guia prático para desarmar a bomba-relógio climática”. As conclusões não são otimistas: caminhamos para um aumento de 2,8º C, e o limite de 1,5º C de aumento de temperatura deverá ser ultrapassado em breve

“Este relatório é um apelo para acelerar em massa os esforços climáticos de todos os países e setores e em todos os prazos. O nosso mundo precisa de ação climática em todas as frentes: tudo, em todos os lugares, ao mesmo tempo.” Foi assim que António Guterres, Secretário-Geral das Nações Unidas, resumiu o Sexto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), instituição que trabalha sob a égide da ONU.

O relatório final, que demorou oito anos a fazer, tem milhares de páginas de análise de estudos científicos, pelo que cabe ao sumário para policy makers (responsáveis pela implementação de políticas) explicar ao mundo o estado da arte da ciência climática. Este sumário foi apresentado ao público na segunda-feira, 20, e traz más notícias: é praticamente garantido que não conseguiremos limitar o aumento de temperatura a 1,5º C e muito dificilmente ficaremos abaixo dos 2º C, até ao final do século, respetivamente as metas ideais e máximas do Acordo de Paris. Aliás, avisam os cientistas, o aumento de 1,5º C deverá ser atingido já nos próximos dez anos. O aumento previsto para este século é, para já, de 2,8º C – isto se forem implementadas todas as medidas climáticas a que os países se comprometeram até 2030.