Plano Municipal de Ação Climática aprovado por unanimidade

23/07/2025

Depois da consulta pública, que resultou na integração de cinco sugestões, o Plano Municipal de Ação Climática (PMAC) foi aprovado, por unanimidade, pelo Executivo. Documento estratégico assume-se como “um plano de cidade” e prevê um investimento global de mais de dois mil milhões de euros em medidas de adaptação e mitigação dos efeitos das alterações climáticas.

Certo de que este “é um plano muito importante para a cidade do Porto”, o vice-presidente da Câmara lembra que “os investimentos são da cidade, não são exclusivos do Município”.

“É um plano de cidade e envolve vários investimentos que têm a ver com a Metro e com a STCP do lado da mobilidade ou até com a remodelação que temos vindo a fazer nas nossas casas para torná-las mais eficientes em termos energéticos”, explica Filipe Araújo.

O responsável pelo Ambiente e Transição Climática está certo de que “o Porto já percebeu o que é isto das alterações climáticas”, referindo episódios como as enxurradas que colocaram em risco os moradores na Ilha dos Moinhos.

“É um indicador do que estamos a enfrentar e onde o Município tem vindo a investir”, afirma o vice-presidente, com referência aos “cerca de 200 milhões de euros do lado da adaptação e 400 milhões de euros do lado da mitigação que foram sendo executados ao longo dos últimos anos”.

Para Filipe Araújo, o PMAC é “a base para uma cidade que tenha qualidade de vida, que esteja adaptada aos novos tempos, que nos colocam alguns riscos e dificuldades”. “Acho que o Porto tem, hoje, um planeamento estratégico daquilo que quer ser no futuro”, reforçou.

Cerca de 2,2 mil milhões de euros para concretizar mais de três dezenas de objetivos ambientais

PMAC apresenta sete objetivos no capítulo da adaptação, que passam por aumentar a proteção das zonas de risco natural e das áreas vulneráveis, fomentar a adaptação do edificado público e privado, exponenciar a resiliência do espaço público, melhorar a eficiência do ciclo urbano da água, ampliar a eficiência de os sistemas de alerta e emergência da cidade, aprimorar as condições de segurança e saúde das pessoas e disseminar a literacia climática.

De olhos postos nestes objetivos, o Município do Porto prevê um investimento de 450 milhões de euros.

Para a mitigação, o plano antecipa 25 objetivos nas áreas dos sistemas energéticos, mobilidade e transportes, ambiente, resíduos e economia circular e infraestruturas verdes e soluções de base natural, estando definido um investimento superior a 1,7 mil milhões de euros.

Cinco propostas integradas após consulta pública

As propostas consideradas após consulta pública prendem-se questões relacionadas com o hidrogénio e a eletrificação dos transportes; os circuitos curtos de produção alimentar saudável e sustentável; o alargamento da estratégia de pedonalização a zonas não exclusivamente turísticas; o estudo da criação de incentivos à permeabilização dos logradouros e interior dos quarteirões; e o acompanhamento da execução do próprio plano.

Enaltecendo a participação de “entidades que nos ajudaram a delinear a cidade que todos ambicionamos”, o responsável pelo Ambiente e Transição Climática explica que “há contributos relativamente simples de incluir, outros vão entrar na reformulação do plano para a neutralidade carbónica, contratualizado com a Comissão Europeia”.

[O Plano de Ação Climática é] um bom exemplo de como se deve definir uma estratégia municipal

Saudando a consulta pública que o documento suscitou, a vereadora do PSD, Mariana Ferreira Macedo, sublinhou “o impacto do plano na área da energia e também na mobilidade”.

“Sem nada de muito crítico a apontar”, Joana Rodrigues, da CDU, considerou a “proposta consensual”. Apesar de considerar que “cada força política teria o seu plano, há um trabalho técnico muito bem feito, que valorizamos”.

Também o Bloco de Esquerda afirma que “foi desenhado da maneira como achamos que deve ser e é um bom plano, (…) um bom exemplo de como se deve definir uma estratégia municipal”. Ainda assim, Sérgio Aires defende que “alguns contributos, relativos a questões que têm impacto na ação climática, deveriam ter sido incluídos aqui e não noutros planos”, referindo-se a ações no setor da mobilidade. “A neutralidade carbónica exige uma ação plenamente integrada”, sublinha o vereador.