O que está nas nossas mãos?

No caminho rumo à neutralidade carbónica e à sustentabilidade ambiental, social e económica da cidade do Porto é essencial uma ação coletiva, para benefícios coletivos. As nossas metas só poderão ser atingidas com ações concretas levadas a cabo por todos os atores da cidade, independentemente da sua dimensão, da sua ação prévia ou personalidade jurídica. 

Por isso mesmo, a campanha “O que está nas nossas mãos?” pretende despertar a ação dos cidadãos, para que adotem práticas diárias mais sustentáveis com as quais todos temos a ganhar! 

Embora Portugal se afirme, cada vez mais, na produção de energia proveniente de fontes renováveis, ainda existe uma considerável dependência de energias fósseis, com consequências ambientais significativas. É imperativo unir esforços para reduzir consumos, atenuar o impacto energético e transitar para fontes de energia limpas e sem emissões. Nesse sentido, pode implementar várias práticas no seu lar, reduzindo o consumo energético e, consequentemente, a sua fatura de eletricidade.

Recorra à iluminação artificial apenas quando for indipensável, dê preferência à luz natural e maximize a sua utilização. Ao manter as entradas de luz natural limpas e sem obstruções, como as janelas e as claraboias, pode alcançar uma economia entre 20 e 80%.

Evite manter luzes ligadas em espaços desocupados e minimize a iluminação meramente decorativa. A instalação de sensores de presença e de luminosidade em áreas comuns e de passagem, como corredores, pode permitir uma poupança entre 24 a 38%.

Desligue os aparelhos quando não estiverem em uso, evitando o consumo em modo standby e conseguindo uma poupança de até 10% na energia consumida. Considere o uso de tomadas com interruptor on/off, tornando mais desligar dispositivos que estejam a funcionar em simultâneo.

Substitua lâmpadas tradicionais por lâmpadas de alta eficiência (LED). Com esta simples mudança pode alcançar uma poupança entre 30 e 60%.

Quando adquirir novos eletrodomésticos, assegure-se de que possuem uma elevada eficiência energética, permitindo-lhes uma gestão otimizada da energia e resultando em poupanças na fatura. Na altura da compra, é crucial perceber as suas reais necessidades e a finalidade do eletrodoméstico, de modo a escolher aparelhos eficientes e com capacidades que se ajustem ao que realmente necessita.

Ao optar por fazer as suas compras em pequenos estabelecimentos e mercearias, não só está a apoiar os negócios dos seus “vizinhos”, como impulsiona também a economia local ao comprar a produtores da região. Comprar localmente traduz-se numa menor pegada ambiental, graças à redução do impacto associado ao transporte e embalagem. Habitualmente, estes produtos são frescos e de elevada qualidade, uma vez que não necessitam de percorrer grandes distâncias para chegarem até si.

Ao dar preferência a negócios locais, está a apoiar a sustentabilidade e crescimento destas pequenas empresas. Desta forma, contribui para o desenvolvimento económico e fortalecimento da comunidade local, assumindo também um papel de responsabilidade social.

Recorrer a sacos reutilizáveis tornou-se um hábito frequente! Ter sempre consigo um um saco reutilizável é uma ação simples que previne a utilização de sacos de plástico. Em alguns supermercados já é possível, para além dos sacos reutilizáveis para frutas e legumes, utilizar um saco de pano para o pão e levar as suas próprias embalgens de transporte tanto no talho, como na charcutaria ou peixaria. São gestos simples que fazem toda a diferença!

Optar por compras locais permite estabelecer laços com os produtores e comerciantes. Quem não aprecia entrar na padaria e ser recebido com um “bom dia, leva o habitual?” ou até obter sugestões sobre o que escolher para o jantar?
Comprar local pode ser uma via para construir amizades e fortalecer o sentimento de pertença à comunidade.

Caso não tenha a oportunidade de comprar em pequenos estabelecimentos ou mercados locais, dê preferência a produtos nacionais e biológicos. Estes provêm de uma agricultura responsável, livre de químicos poluentes e com um impacte ambiental reduzido.

A correta separação de resíduos é crucial, não só para manter a cidade limpa, mas também para impulsionar a economia circular. O que é considerado resíduo hoje, pode ser reciclado e transformado amanhã. Assim, é essencial separar os resíduos para que possam ser reutilizados e reciclados. Resulta ainda na redução da necessidade de extrair e processar novos recursos, poupando energia e de outros recursos naturais. 

No Porto, estão disponíveis diversos pontos de recolha de resíduos espalhados pela cidade: resíduos indiferenciados, ecopontos (para embalagens de plástico e metal, papel e cartão e recipientes de vidro), óleos alimentares usados e resíduos orgânicos. A separação e deposição destes materiais são processos simples, mas é fundamental não misturar os materiais, a contaminação pode inviabilizar o processo de reciclagem.
Caso tenha resíduos de outro tipo para descartar, pode dirigir-se a um dos ecocentros da cidade ou ligar para a linha Porto. (220 100 220) e agendar gratuitamente a sua recolha. 

A Porto Ambiente esclarece as dúvidas: portoambiente.pt/separacao-de-residuos

Os resíduos orgânicos, como restos de alimentos, cascas, verduras ou sobras de refeições podem ser valorizados.
Através de um processo natural, estes materiais são convertidos em composto que enriquece e nutre o solo. Na cidade do Porto existem já diversas opções destinadas à recolha destes resíduos. Conheça o projeto Orgânico – Agora está na sua mão (organico.portoambiente.pt)

A Porto Ambiente disponibiliza, de forma totalmente gratuita, os serviços de deposição voluntária nos ecocentros e a recolha de resíduos verdes ao domicílio, mediante pedido através da Linha Porto. (220 100 220).
Os resíduos verdes recolhidos no Município do Porto são encaminhados para a Central de Valorização Orgânica da LIPOR, onde, através da compostagem, é produzido o corretivo agrícola orgânico “Nutrimais”.

A problemática do desperdício alimentar tem ganho destaque a nível global. Cerca de 1/3 de todos os alimentos produzidos mundialmente são desperdiçados, enquanto uma parte da população enfrenta a fome. Esta questão manifesta-se em todas as etapas do ciclo de vida dos alimentos: desde a colheita, passando pela produção e distribuição, até ao consumo nas nossas casas. Associa-se também um gasto desnecessário de recursos naturais, humanos e energéticos que devemos trabalhar para valorizar e preservar estes recursos. Assim, torna-se essencial o empenho coletivo na minimização do desperdício alimentar.

Procure comprar e preparar apenas as quantidades que realmente necessita! Se houver sobras, reutilize-as para criar novos pratos. Pode experimentar uma variedade de opções práticas e deliciosas a partir da reutilização de alimentos. Por exemplo, frutas demasiado maduras ou com imperfeições podem ser convertidas em batidos, compotas ou tarteletes, e sobras de carne ou vegetais podem dar origem a quiches, empadas ou pizzas. Existem inúmeras sugestões de receitas online que podem servir como inspiração, permitindo-lhe, simultaneamente, economizar!

É importante distinguir entre as indicações “consumir até”, que é restritivo em relação à segurança do alimento após um determinado prazo, e “consumir de preferência antes de”, que indica que após uma determinada data a qualidade do alimento pode ser posta em causa devendo ser verificada.
A interpretação errada destas indicações resulta num desperdício anual de 10% dos alimentos na Europa. Antes de descartar produtos com a indicação “consumir de preferência antes de” observe, cheire e prove! Recorra aos seus sentidos para avaliar a frescura dos alimentos, em vez de se guiar exclusivamente pelas datas. Muitas vezes, os produtos continuam em perfeitas condições.

Planear antecipadamente as refeições ajuda a maximizar o aproveitamento dos produtos que já possui e a adquirir apenas estritamente necessário. Além de ser uma prática eficaz para diminuir o desperdício alimentar, permite-lhe também economizar! Opte por fazer compras mais frequentes, comprando menores quantidades em cada visita ao estabelecimento, evitando assim o desperdício e garantindo a utilização de ingredientes mais frescos na sua cozinha. Procure consumi-los prontamente ou considere a opção de congelamento.

Manter os produtos organizados, bem acondicionados e à vista é essencial para assegurar que sejam consumidos antes de se deteriorarem.
Recorra a recipientes herméticos ou embalagens adequadas e conserve-os à temperatura correta para estender a durabilidade dos alimentos. Organize a sua despensa e frigorífico de modo que os produtos mais antigos estejam mais acessíveis e sejam consumidos primeiro.
Faça verificações periódicas aos alimentos que se aproximam do fim da sua validade e procure consumi-los prontamente. Se antever que não os vai utilizar a tempo, considere a opção de congelamento.

Embora designemos o nosso planeta como ‘Planeta Azul’ devido à vastidão dos oceanos e mares, a verdade é que a água doce potável, aquela que consumimos, é um recurso limitado, representando apenas 1% da água disponivel no mundo. As alterações climáticas intensificam este desafio, com períodos prolongados de seca em diversas regiões do globo. Portugal é um exemplo disso, tendo enfrentado, nos últimos anos, episódios de seca cada vez mais frequentes. Assim, torna-se imperativo adotarmos medidas de poupança de água e valorizarmos este recurso indispensável à nossa existência.

Uma torneira que não fecha corretamente ou uma pequena fuga de água no autoclismo, por exemplo, podem resultar em elevados desperdícios de água. Se persistirem fugas contínuas, além do consumo excessivo, podem surgir complicações como infiltrações ou formação de bolor na habitação. É aconselhável resolver a situação com brevidade para prevenir estes contratempos.

Optar por duches mais breves e fechar a torneira enquanto se ensaboa pode traduzir-se numa considerável poupança de água. Faça a diferença no seu dia-a-dia reduzindo os duches a 5 minutos, a duração aproximada de uma música.

A lavagem manual de loiça representa um maior consumo de água do que a lavagem automática, recorrendo a uma máquina. Assim, é aconselhável utilizar a máquina de lavar loiça e fazê-lo sempre com a carga completa, economizando uma elevada quantidade de água por cada ciclo de lavagem.

Existem diversas maneiras de poupar água através da sua reutilização para novas finalidades. Por exemplo, enquanto espera que a água do duche aqueça, pode recolhê-la num balde para futuras utilizações. Pode aproveitar também a água da chuva e a água resultante da lavagem de vegetais. Estas águas podem ser reutilizadas em diversas tarefas, como descargas de autoclismo, limpezas ou rega de plantas. Lembre-se de regar plantas e jardins nas horas mais frescas do dia para minimizar a evaporação.

A mobilidade e os transportes têm um impacto muito significativo nas emissões de carbono da cidade do Porto, representando 40% do valor total emitido. A emissão de gases nocivos representa não só riscos ambientais como também efeitos nocivos na saúde pública pela redução da qualidade do ar.
Uma mudança efetiva depende do envolvimento e compromisso de todos os que se deslocam na cidade, sendo por isso essencial, a nível individual, adotar comportamentos mais sustentáveis.

Optar pelos transportes públicos é uma escolha sustentável que contribui significativamente para a redução das emissões e da congestão urbana. No Porto, a rede de transportes inclui autocarro, metro, elétrico e comboio, o que facilita não só o acesso a diferentes áreas da cidade como reduz também o custo associado à mobilidade e melhora a gestão do tempo por parte dos seus utilizadores. Esta rede continua em expansão, procurando melhorar o serviço prestado aos utilizadores.

Estão disponíveis vários tarifários que permitem a adaptação às diferentes necessidades de deslocação, destacando-se a gratuitidade para estudantes até aos 23 anos, a oferta de 22 viagens no Cartão Porto. e o serviço +perto.

Ao optar pela mobilidade ativa e suave está a contribuir para a diminuição da poluição atmosférica e acústica, diminuindo o congestionamento rodoviário e melhorando assim a qualidade do ambiente urbano. Estas escolhas impactam positivamente a nossa saúde física e mental, proporcionando uma forma de exercício regular e reduzindo o stress associado ao trânsito intenso.

Os veículos individuais continuam a ser uma parte essencial da mobilidade diária para muitas pessoas. Para tornar esta opção mais sustentável, podemos adotar práticas como a utilização de veículos elétricos ou híbridos, mais sustentáveis e energeticamente mais eficientes.

A partilha de carro entre pessoas que fazem percursos semelhantes é uma solução cada vez comum e contribui para a sustentabilidade urbana. Esta abordagem de partilha de viagens reduz o número de veículos na estrada, diminuindo a emissão de poluentes e o congestionamento. Além dos benefícios ambientais, é economicamente vantajoso devido à divisão dos custos de viagem e fomenta a interação social.

O sol brilha para todos! Então, por que não aproveitá-lo como fonte de energia para a sua casa? A instalação de painéis fotovoltaicos permite-lhe gerar a sua própria energia, reduzindo a dependência de outras fontes de energia poluentes. A energia solar é obtida através do processo fotovoltaico que não emite gases de efeito de estufa nem outros contaminantes, classificando-se, assim, como uma energia limpa. O melhor de tudo? É inesgotável! O sol será uma fonte de energia para sua casa, a um custo reduzido.

Com um sistema de produção de energia fotovoltaica eficiente, é possível diminuir a sua fatura energética, tornando a sua habitação mais autónoma e reduzindo a dependência de combustíveis fósseis. Se gerar eletricidade em excesso, tem a opção de vendê-la a uma comunidade de energia, contribuindo assim para a transição energética.

Antes de instalar painéis solares, é essencial considerar diversos aspetos: a viabilidade do local, a dimensão do sistema, os custos associados, a manutenção e os regulamentos e incentivos disponíveis.