Tech4 Sustainability: maior circularidade é fundamental para o bem-estar das pessoas

22/07/2024

Cidades devem tornar-se mais sustentáveis no uso de recursos, sendo fulcral conjugar tecnologia com uma sensibilização crescente para o tema.

Minimizar o desperdício de recursos e intensificar a reutilização de materiais, de modo a corresponder aos princípios da circularidade é crítico para o bem-estar das populações. Para tal fim, quer as inovações tecnológicas, quer a investigação científica desempenham um papel crucial. Esta foi a grande mensagem da conferência inserida no Tech4 Sustainability ocorrida esta sexta-feira à tarde, no edifício da Porto Ambiente. A iniciativa organizada pelo município do Porto e pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) pretende tornar o conhecimento científico mais acessível aos cidadãos.

Filipe Araújo, vice-presidente da Câmara Municipal do Porto (CMP), destacou a importância da aplicação do conceito de circularidade na vida das cidades. “Se queremos uma cidade com qualidade de vida, temos de utilizar o conhecimento, traduzindo-o numa melhoria dos nossos serviços em várias áreas. Olhando para a circularidade, trabalhamos em diversos tópicos sempre em benefício do cidadão”. Já Rui Calçada, diretor da FEUP, chamou a atenção para a necessidade de fazer a sociedade tomar consciência de que é preciso percorrer um caminho sustentável. “Se os cidadãos não perceberem o que está em causa, não vão adotar tecnologias sustentáveis. 80% dos europeus não sabe o que fazer para aderir à transição energética”.

No primeiro painel foi analisada a circularidade na construção civil. Segundo Maria Ramalho, coordenadora de sustentabilidade do Grupo Casais, existe ainda alguma relutância nesta área, “em particular da parte dos projetistas e dos clientes que não sentem confiança em aceitar este tipo de novos materiais [mais sustentáveis e reconvertidos]”. Perceção idêntica assumiu Vanessa Tavares, head of sustainability no BUILT CoLAB, ao notar que “este é um setor difícil de alterar, com uns paradigmas ainda muito enraizados”.

Num segundo painel, dedicado à prática dos princípios circulares no contexto urbano, Joana Maia Dias, diretora dos cursos de engenharia do ambiente da FEUP, reiterou a mensagem de que a população deve ser envolvida no processo, defendendo que “é imprescindível conjugar a vertente tecnológica com a parte societária e associada às mentalidades”. Luís Assunção, administrador da Porto Ambiente, concordou com esta visão, sublinhando que “o desejável é ter resíduos que se transformem em recursos, mas para tal há que explicar e facilitar o processo à população”.