Tribunal da Relação adota estratégia pioneira de sustentabilidade e quer ser exemplo nacional

23/09/2024

De olhos postos na neutralidade carbónica da cidade, também o Tribunal da Relação está a dar o seu contributo para que esta meta seja alcançada até 2030. O tratamento de resíduos e a eliminação do plástico foram mudanças estabelecidas no Palácio da Justiça, que, com a implementação de 83 painéis solares no telhado do edifício, também conta com uma nova forma de produzir energia. A estratégia pioneira é, na ótica do vice-presidente da Câmara, Filipe Araújo, “um exemplo” para ser replicado.

Na casa onde, dia após dia, se constrói um mundo mais justo, também há tempo e espaço para se pensar num futuro mais sustentável. De mão dada com os princípios firmados pelo Pacto do Porto para o Clima, o Tribunal da Relação mostra-se empenhado em ajudar a cidade a atingir a neutralidade carbónica. Nesse sentido, adotou uma estratégia pioneira de três eixos sustentada por diferentes medidas, entre as quais, a produção de energia a partir de 83 painéis solares implementados no telhado do edifício (com uma potência na ordem dos 45,65 kWp).

“A forma como os vários painéis colocados no telhado fazem com que se produza cerca de metade da energia que o edifício consome, é um motivo de orgulho”, destacou o vereador do Ambiente e Transição Climática, que visitou o local acompanhado pelo presidente do Tribunal da Relação do Porto, o juiz desembargador José Igreja Matos.

Satisfeito com a instalação que está a funcionar de forma integral há 10 dias, e que já garante mais de 50% da energia consumida no edifício, Igreja Matos esclareceu que o Tribunal da Relação do Porto é agora “o primeiro do país a ter uma solução totalmente sustentável de tripla dimensão: painéis solares, tratamento de resíduos e eliminação do plástico”.

Inspirado pelo trabalho edificado – que contou com o apoio da Agência de Energia do Porto e do Município –, o presidente do Tribunal da Relação do Porto deixou ainda um desafio, apelando a outros tribunais nacionais para que deixem uma pisada significativa na construção de um planeta mais verde. “Queremos que outros se juntem a esta iniciativa”, referiu.

Ao notar que o Tribunal da Relação do Porto “é um exemplo de que a cidade se deve orgulhar”, Filipe Araújo também salientou o desejo de ver “todo o país fazer exatamente aquilo que foi feito” no Palácio da Justiça, enaltecendo as restantes medidas adotadas nas rotinas do edifício.

Uma das ações aclamadas, que resultou de uma parceria com a LIPOR, prende-se com a instalação de espaços para a separação de resíduos. Através da utilização consciente do papel e da digitalização de processos, só no primeiro semestre deste ano, já foi possível recolher 739 quilos deste material, encaminhando-o para a reciclagem.

O combate ao plástico de uso único também é um dos eixos da estratégia de sustentabilidade do edifício, traduzindo-se na disponibilização de dispensadores de água com copos de vidro nos corredores do tribunal. “Até é uma forma de as pessoas se sentirem motivadas a beber mais água”, observou o vice-presidente da Câmara.

A oferta de garradas reutilizáveis aos funcionários do tribunal também é uma forma de os incentivar a não usarem plástico. Igreja Matos tem a sua exposta no próprio gabinete. “Uso-a todos os dias”, mostrou a Filipe Araújo.

“É importante estarmos todos unidos e fazermos o nosso papel. Quando tratamos de um pacto de cidade, neste caso o Pacto do Porto para o Clima, estamos a falar de um compromisso entre todos, desde o cidadão comum às instituições, às organizações, aos tribunais, porque todos temos um papel”, considerou Filipe Araújo, salientando que o mais importante “é haver vontade de agir”.

Para a colocação dos painéis solares foi necessária uma “obra complexa” de cinco meses, que, ainda assim, não exigiu “o encerramento da atividade normal do tribunal”, esclareceu Igreja Matos. Com a instalação a funcionar a 100%, o juiz desembargador promete agora mensurar os resultados que advêm do investimento.

“No final do ano, propomo-nos a elaborar um relatório de sustentabilidade para demonstrar as poupanças geradas pela utilização dos painéis fotovoltaicos e aquilo que resulta do tratamento de resíduos, sobretudo da reciclagem do papel”, garantiu o presidente do Tribunal da Relação do Porto, que, durante a visita, ainda teve oportunidade de mostrar ao vice-presidente da Câmara a exposição “A Arte do Conflito” e o “Museu do Conflito”.

De modo a felicitar o Tribunal da Relação pelos passos dados em prol do Pacto do Porto para o Clima, Filipe Araújo entregou a Igreja Matos um objeto metafórico: um artefacto de madeira de uma árvore que viveu na Invicta, mas que acabou por sucumbir.

Como está inscrito no objeto, o mesmo “homenageia as árvores desaparecidas e mantém o carbono armazenado, contribuindo para a meta da neutralidade: carbono na madeira significa menos carbono na atmosfera”.